As amizades na era da internet


Esta matéria foi escrito pela minha amiga Durcy Arévalo e achei muito interessante e resolvi postar no meu blog.

TODO DIA ELES FAZEM SEMPRE IGUAL. O CUIABANO LUIZ FELIPE, DE 20 ANOS CURSA O SEGUNDO SEMESTRE DE TURISMO e fica conectado a internet o dia todo. A CATARINENSE ARIANE COLOMBO, DE 29 ANOS FORMADA EM ENGENHARIA AMBIENTAL- Fica conectada a internet pelo menos 12 horas por dia.

O dia de Felipe começa no trabalho, mas só depois que ele deseja um maravilhoso dia a todos seus amigos da rede social (Twitter). “Sou bem original e cordial com eles, e se meu dia começa chato sinto a necessidade de compartilhar com todos meu estado de espírito, logo pela manhã”, diz ele.

O mundo virtual de Ariane começa assim que ela entra no MSN, no Skype, checa os emails e em seguida, entra nos sites de noticiais.

Felipe conta que não consegue imaginar um dia sem a internet, que possibilita que ele esteja em vários lugares ao mesmo tempo e sem sair de casa. “Não fico um dia sem interagir com meus amigos, uso meu celular para ficar conectado o dia todo”.

A engenheira diz que, casa esteja muito ocupada ,não sente muita falta da conversa com um amigo. Mas se for um dia tranqüilo, aí sim sente muita falta de conversar com um amigo pela internet.

Nas conversas com os amigos pela rede Felipe marca as reuniões, combina as baladas do final de semana e conversa sobre acontecimentos recentes. Com os colegas ele, conversa sobre trabalhos ou notícias que envolvem seu curso. Ele aproveita a internet e conversa com seus familiares, que mudaram para o Rio de Janeiro, “Mato a saudade e relembro momentos de confraternização em família”, completa.

Ariane conversa sobre trabalho, principalmente pelo skype, coisas do dia a dia, novidades da vida alheia, receitas, dicas de beleza, saúde e futilidades. Ela conversa com pelo menos três amigos, diariamente, e usa com freqüência o Orkut, rede social mais popular do Brasil, (com 29 milhões de usuários).

As redes sociais que Felipe usa com freqüência para conversar com seus amigos são o Twiter, que possui mais de 105 milhões de usuários, o Messenger, que possui mais de 300 milhões de usuários, dos quais mais de 40% deles se conectam diariamente, e o Facebook, que possui mais de 500 milhões de usuários em todo o planeta. O Facebook é a maior rede social do mundo, uma comunidade superior ao número de usuários de internet na China, com 420 milhões de pessoas.

Legenda:

O cérebro humano é capaz de administrar um máximo de 150 amigos nas redes de relacionamento.

Uma pesquisa realizada em janeiro deste ano na Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, revelou que o cérebro humano é capaz de administrar um máximo de 150 amigos nas redes de relacionamento disponíveis na internet, como os sites Facebook e Orkut. Segundo Robin Dunbar, professor de antropologia evolucionária na entidade, este número é praticamente o mesmo que se via antes da existência desses sites.

Nos anos 90, o cientista desenvolveu uma teoria batizada de “Número de Dunbar”, que estabelece que o tamanho do neocortex humano, a parte do cérebro usada para o pensamento consciente e a linguagem, limita a capacidade de administrar círculos sociais a até 150 amigos, independente do grau de sociabilidade do indivíduo.

Segundo Dunbar, sua definição de “amigo” é aquela pessoa com a qual outra pessoa se preocupa e com quem mantém contato pelo menos uma vez por ano.

“É interessante ver que uma pessoa pode ter 1,5 mil amigos, mas quando você olha o tráfego nesses sites percebe que aquela pessoa mantém o mesmo círculo íntimo de cerca de 150 pessoas que observamos no mundo real”, afirmou Dunbar, em entrevista ao jornal The Times.

O cientista disse que as pessoas se orgulham de ter centenas de amigos, mas a verdade é que seus círculos são iguais aos dos outros. E que o comportamento de homens e mulheres em relação às amizades é diferente. “Elas são melhores em manter as amizades apenas conversando com os amigos. Os homens precisam fazer alguma coisa juntos para se manterem em contato”, explicou.

Para o estudante de turismo, há diferença entre uma conversa pela internet e pessoalmente. Ele diz que algumas pessoas, ao conversarem pela Internet, são legais e descontraídas, há uma quebra daquele gelo do cara a cara. Essa proximidade que a internet cria, de o amigo estar sempre conectado, como se estivesse do nosso lado, possibilita que ele participe com freqüência das decisões tomadas em nossas vidas, cmpleta.

De acordo com a psicóloga Sheila Araújo, essa comunicação virtual ajuda algumas pessoas a vencerem algumas dificuldades emocionais. E isso pode ser positivo. Mas ela observa que a principio é importante não pensarmos que nada é bom ou ruim. Tudo irá depender da forma como utilizaremos. Um bom termômetro para avaliarmos até que ponto uma coisa é boa ou prejudicial para nossa vida psíquica, é ficarmos atentos a quantidade. ”Nada em excesso, nesse sentido, é visto como saudável”, afirma ela.

Sheila alerta que fazer amizades e conversar com os amigos pela internet é ótimo, mas fazer amizades, conversar com os amigos pela internet é péssimo. Não se deve trocar a vida cotidiana e construir um mundo exclusivamente virtual, e viver só disso, pois isso não faz bem para ninguém. “internet deve ser vivida como um meio, uma possibilidade e não como um fim em si”, complementa.

Ariane relata que a internet é importantíssima para suas amizades. Como ela nasceu e cresceu em Santa Catarina e se mudou há pouco tempo para Cuiabá tem muitos amigos ainda lá e em outros estados também. “Se não fosse pela internet, não teria contato com muitos deles”, diz. A engenheira diz que se não existisse a internet suas amizades basicamente seriam restrita as novas amizades que fez em Cuiabá.

Você está com algum problema para resolver? Tente a solução proposta por pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA): dez minutos de conversa com um amigo vão ajudá-lo. De acordo com Oscar Ybarra coordenador do trabalho, um simples contato com um amigo traz benefícios mentais.

Na Brigham Young University (EUA), por exemplo, os pesquisadores constataram que manter uma boa rede social tem uma influência positiva sobre a expectativa de vida, comparável a de largar o cigarro ou sair da faixa da obesidade.No estudo foi observado que redes sociais sólidas fazem as pessoas ter até 50% menos chance de morrer prematuramente.

Ao comentar essas pesquisas, a psicóloga Sheila concorda com seus resultados e diz que o ser humano tem necessidade de se relacionar, de ser querido e aceito. E de viver um sentimento de pertencimento. “O ser humano é um ser gregário por natureza. A forma como ele se organiza para isso é que varia no tempo histórico e culturalmente. Hoje vivemos no tempo das redes sociais, que quebraram alguns limites geográficos, espaciais, temporais e também psicológicos”. A psicóloga acrescentou que uma conversa com amigos nos faz muito bem, e é imprescindível na nossa vida de humanos. Finaliza lembrando o poeta Vinícius de Moraes: “ninguém é feliz sozinho e a amizade é um tipo de amor que nos faz ser e nos ajuda a viver”.

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