“Eu ainda estou aqui: de volta online depois de um ano sem internet” é o título de seu artigo publicado no “The Verge”, site de tecnologia que financiou a experiência do jornalista.
Miller relembra que toda a experiência começou porque ele sentia, aos 26 anos, que a internet o estava tornando improdutivo. Tudo parecia sem sentido na sua vida, como se estar conectado tivesse “corrompido sua alma”. Mas ficar um ano sem internet não produziu “momentos epifânicos” na sua vida, confessou o jornalista no artigo.
Fase #1
A primeira etapa da vida offline de Miller foi, segundo ele, “ótima”. Ele perdeu quase sete quilos (“Sem realmente fazer muito esforço”), escreveu metade de um romance, aumentou seu grau de atenção (“Agora consigo ler 100 páginas da ‘Odisseia’ de uma vez”) e se dedicou às interações no mundo real (dedicou mais tempo à irmã, que vivia frustrada por ter de dividir a atenção dele com o computador, “quase que pela vida inteira”).
Fase #2
Enquanto redescobria coisas básicas da vida, como recorrer a mapas de papel para encontrar locais e ligar direto na companhia para comprar um bilhete de avião (em vez de ficar comparando opções na internet), Miller se deparou com um problema: sua caixa de correio, aquela das cartas de papel mesmo, lotada.
O jornalista diz que a sensação produzida é a mesma que teria com uma caixa de entrada de e-mails apinhada de mensagens não lidas. “Então, por algum motivo, até mesmo ir aos Correios soava como trabalho. Comecei a temer as cartas e quase a lamentar [recebê-las].”
Outros aspectos de sua vida também começaram a pesar. Faltava motivação para ler um bom livro, sair de casa para encontrar os amigos. Miller diz que foi no final de 2012 que ele abandonou escolhas positivas da vida offline e descobriu vícios. Ficou preguiçoso e passava semanas sem ver os amigos (e horas jogando videogame). Seu lugar preferido passou a ser o sofá de casa.
Fase #3
Miller então percebeu que escolhas morais não eram assim tão diferentes no mundo desconectado. Diz que sem internet é mais difícil encontrar pessoas. “É mais difícil ligar que mandar um e-mail.” Fora da internet, sua existência se tornou banal e “os piores lados” dele começaram a surgir.
Um deles era o Miller antissocial. “Meus pais ficavam fulos imaginando se eu ainda estava vivo, e mandavam minha irmã me visitar para ver como eu estava. Na internet, era fácil se assegurar de que as pessoas estavam vivas e sãs, fácil de colaborar com meus colegas de trabalho, fácil de ser uma parte relevantes da sociedade”, escreveu.
Foi quando ele chegou à conclusão de que o Paul de verdade e o mundo de verdade estavam intrinsecamente conectados à internet. “Não quero dizer que minha vida era diferente sem internet, só não era a vida real.”
Ficar sem internet por um ano foi certamente um grande ato de desapego e coragem de Miller. E ele foi ainda mais corajoso quando admitiu que não era bem a internet a fonte dos problemas na vida.
"Realmente, o mundo está sujeito a internet, viver sem ela é estar atrás das pessoas, é querer procurar algo e demorar muito mais do que pensou e as vezes nem encontrar, se você não tiver o livro, ou mapa, ou caderno de anotação em mãos. É só conciliar a vida sem internet com a internet, uma ajuda a outra em questões práticas do dia a dia, mas se quiser fazer a experiência fique a vontade, só depois fala como foi viver desconectado", palavra do CQA.
Fonte: Uol Tecnologia.
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