Eles grudam na parede do intestino, entopem a entrada de comida no estômago,
podem ficar até sete anos dentro do corpo e há até quem diga que podem chegar
na membrana que envolve o coração. Quem nunca ouviu pelo menos uma dessas
histórias sobre quão perigoso seria engolir um chiclete?
Os estragos pareciam assustadores, mas a verdade é que podemos respirar aliviados: não há goma de mascar ou qualquer outro alimento que permaneça tanto tempo dentro do corpo humano.
Para se ter uma ideia, um bom prato de arroz, feijão e carne leva de 2 a 3 horas
para ser digerido e cair no intestino grosso.
A outra boa notícia é que a ingestão não causa qualquer dano para o corpo,
pelo menos na grande maioria dos casos. A maior parte do chiclete que entra no
organismo sai da mesma maneira, passando intacto pelo processo de digestão e,
consequentemente, pelas enzimas digestivas.
Isso acontece porque, basicamente, o chiclete é formado por dois grandes grupos
de compostos. Um deles é constituído por açúcar, corantes, aromatizantes e
conservantes. O outro se trata de uma goma-base, produzida a partir, por exemplo,
de derivados de petróleo, como resinas e parafinas. Antigamente, a base era feita
de látex retirado de algumas árvores.
Enquanto o primeiro grupo é responsável por dar sabor ao doce, a goma-base nada
mais é do que aquela massa que ficamos mastigando por horas.
E por que ele não se desfaz como outros alimentos?
Já na boca, nossa saliva fará uma tentativa de digerir a goma durante a mastigação.
As enzimas até podem conseguir dissolver a casca e os corantes do primeiro grupo
de compostos que falamos acima, mas digerir a goma-base é impossível para
qualquer das enzimas, ácidos ou movimentos gástricos do trato digestivo.
Logo, a goma passa intacta pelo estômago até ser eliminada com o bolo fecal.
Mas faz mal?
Engolir acidentalmente um chiclete não faz mal. Por se tratar de algo pequeno,
facilmente será eliminado pelo organismo. Além disso, a goma tem a vantagem de
ser flexível e macia.
No entanto, os médicos já catalogaram alguns casos de distúrbios de
comportamento onde a criança engole frequentemente e excessivamente a goma.
Em casos assim, o hábito pode levar a uma obstrução intestinal por causa da
massa que se forma e que não consegue ser eliminada junto com as fezes.
Um dos estudos mais conhecidos sobre o tema foi publicado em 1998 pela revista
americana Pediatrics. A investigação mostra um menino de pouco mais de quatro
anos de idade que sofria de constipação. A criança chegava a mastigar e engolir até
sete chicletes por dia. O resultado foi justamente a formação de uma massa
composta basicamente de goma e que obstruia a passagem das fezes. Outras duas
situações semelhantes —uma com uma criança de quatro anos e outra de apenas
um ano e meio— também foram relatadas no estudo.
Também não faz bem!
O ato de mastigar um chiclete traz mais prejuízos que benefícios. A mastigação
induz o estômago a preparar-se para a digestão do alimento que está na boca. Para
isso, usa as enzimas salivares e mais suco gástrico. A fabricação excessiva desses
componentes pode causar, por exemplo, gastrite.
Veja outras 3 curiosidades sobre a goma:
• Por que o chiclete não gruda nos dentes?
Para grudar, o chiclete precisa de uma superfície porosa e áspera (como embaixo
de uma mesa). Nossos dentes têm uma superfície bastante lisa, compacta e úmida,
já que a saliva o deixa escorregadio.
• Mastigar chiclete nos deixa relaxados?
A ação muscular de mastigar ajuda a concentração, alivia a tensão e relaxa os
músculos. Foi por estas e outras razões que o exército dos EUA forneceu goma de
mascar aos seus soldados desde a Primeira Guerra Mundial, contribuindo para que
ela se tornasse cada vez mais popular.
• Chiclete pode causar gases?
Quando mastigamos chiclete, acabamos engolindo uma quantidade maior de ar.
Junte a isso, a ingestão dos adoçantes artificiais que fazem parte de algumas
gomas.
FONTE: Uol / Ciência
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